SOLIDÃO
A solidão tem asas de ferro
paira em círculos
sobre a ruína das coisas
espessa, escura tece
um fio esgarçado entre dois vazios
estende-se sobre o caminho
até o lugar onde tudo começou
Sem juras de amor e morte
nutre-se de ecos abafados
o voo descreve a rota abandonada
um rastro viciado
em ressonância e simetria
a cada volta um alento
reacendendo o lume
do que não mais existe
e nunca chega onde deveria terminar
A solidão é fértil
semente coagulada
florada sem cor
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Sílvia Rubião
Tangências
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