quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Maria Lúcia Dal Farra

EXERCÍCIO

O poeta vai gastando a vida na caligrafia
que lhe gasta a tinta.
Caneta à antiga
daquelas que se enchem à mão - 
pena torta de tenaz inspiração
que surrupia quase sempre
(na surdina)
o alvissareiro tinteiro.

Mal traçadas linhas, aflitas
por escoarem em si mesmas os meus dias
pois que de semana se completa um caderno
- quem dirá o ano?

Escrever só para desmanchar o que ainda está plano.
Para dar função aos dedos. 
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Maria Lúcia Dal Farra
Terceto para o fim dos tempos

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