EXERCÍCIO
O poeta vai gastando a vida na caligrafia
que lhe gasta a tinta.
Caneta à antiga
daquelas que se enchem à mão -
pena torta de tenaz inspiração
que surrupia quase sempre
(na surdina)
o alvissareiro tinteiro.
Mal traçadas linhas, aflitas
por escoarem em si mesmas os meus dias
pois que de semana se completa um caderno
- quem dirá o ano?
Escrever só para desmanchar o que ainda está plano.
Para dar função aos dedos.
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Maria Lúcia Dal Farra
Terceto para o fim dos tempos
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