54.
A esperança como a poesia
é essencialmente mediadora.
O que tomba é um veículo
dos que continuam a caminhada.
O mártir é o mediador do sangue.
Há que se sobreviver aos pais,
sem matá-los. Mesmo quando
a morte os alcança, deixá-los
viver. Sobreviver não à morte,
mas ao nascimento. Ao sermos
expulsos do ventre, entranhamos
o mundo. Sobreviver é tornar
audível a voz das entranhas.
E a esperança da vida depois
a morte é superada no desejo
da esperança de não estarmos
mortos na existência. Viver
na esperança é persistir, não
importa a duração da chama.
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Maria Carpi
A Esperança contra A Esperança
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