SANGUE, SOLIDÃO, PASOLINI
reparo que há sangue no chão
da estação de metro
quando pelo telefone
me lês em italiano
o poema da súplica
à mãe de pasolini
mesmo com sangue
no chão
na boca
nas mãos
entrego-me aos restos
do que possa sobrar.
fica perto, se puderes
dez minutos / dez anos
(o possível, apenas)
e ainda que tudo isto
venha a ser irreparável,
repete comigo
(algumas maldições
parecem-se tanto
com orações):
o amor é danado
a solidão também.
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Francisca Camelo
O quarto rosa
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