quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Jorge Miranda

 ESTA RUA

Penso no contrito constrangimento
de se estar vivo
toda vez que tento atravessar
esta rua: é tão pungente,
como uma forma que só os olhos
de dentro conseguem ver
substancialmente. O restante
é o de sempre: o mesmo cenário
que dá bom dia ao vazio
preenchível das retinas, como
quem nada quer a não ser
passar sem ser percebido.

Este sou eu, completamente invisível.
Resta a vida, excessivamente vida,
e alguma tentativa de travessia.
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Jorge Miranda
Ontem

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