quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Manuel Lopes

 HISTÓRIA DO QUARTO

só,
o silêncio é uma ordem,
a palavra uma lembrança,
apenas um sinal.

longa é a desordem
e as paredes identificam, sem adjetivos,
a indolência de tudo.
a gravata e o jornal são presenças ilustres
na festa muda do baralho das coisas.

assisto, grave,
ao mágico transporte da natureza morta
criando a poesia.

transparente,
a clarabóia filtra a paisagem "bleu"
e as nuvens
- sombras alongadas de fios à distância - 
passeiam no meu quarto
monotonamente.

a mesa sem retratos da amada.
as rosas estão ausentes
e os perfumes concentrados
nas tuas cartas.
______

Manuel Lopes
O verbo contido - poesia até aqui

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