HISTÓRIA DO QUARTO
só,
o silêncio é uma ordem,
a palavra uma lembrança,
apenas um sinal.
longa é a desordem
e as paredes identificam, sem adjetivos,
a indolência de tudo.
a gravata e o jornal são presenças ilustres
na festa muda do baralho das coisas.
assisto, grave,
ao mágico transporte da natureza morta
criando a poesia.
transparente,
a clarabóia filtra a paisagem "bleu"
e as nuvens
- sombras alongadas de fios à distância -
passeiam no meu quarto
monotonamente.
a mesa sem retratos da amada.
as rosas estão ausentes
e os perfumes concentrados
nas tuas cartas.
______
Manuel Lopes
O verbo contido - poesia até aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário